sábado, 23 de janeiro de 2010

PALAVRAS AO VENTO





























Palavras,
Resolutas, destemidas, proclamadas aos quatro ventos
(Eis o sonho...).
Um grito desesperado ecoou nas entranhas da noite.
Um uivar insistente de cães danados e detentos.
E um som desarticulado, decepado por uma foice.

O que queria se dizer não saiu, ficou estrangulado.
Em alguma zona fantasma, mais um recado se perdeu.
Entre o pensamento e a fala um contrato se rompeu.
Palavra amordaçada, de um cântico aprisionado.

A expressão buscou novas formulas, o verbo se abriu.
As palavras que não foram ditas escoaram pela escrita.
E das mãos deste poeta uma nova estranha boca grita,
Explode de terror, de horror, de negro luto se cobriu.

Esta boca que agora se expressava nos teclados,
Com múltiplos canhões e metralhadora giratória.
Poderoso artefato de combate, estranha oratória.
Tiros certeiros, arsenal de palavras e recados.

Aquela massa pútrida, fétida que fermentava,
Como uma água podre num esgoto subcutâneo,
Rompia as veias de um sombrio subterrâneo,
Daquela alma que demente se expurgava.

A chama ardente com a força de um guerreiro,
Sobre o ferro impuro de uma arma renegada,
Trouxe à luta no campo de batalha derradeiro,
As letras da lei de uma constituição renovada.

E o louco e o sábio gritaram aos ventos
Estranhas palavras que ninguém ouvia,
Despertas de suas angustias e tormentos,
De um tumulo aberto, de uma mortalha vazia.

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